Quando a mulher descobre que vai ter um bebê, uma das primeiras perguntas que aparece é: “Como meu bebê vai nascer?” E aí surgem muitas opiniões, relatos, vídeos, histórias bonitas… e outras nem tanto. Algumas pessoas falam que “parto normal é melhor”, outras defendem a cesárea, algumas sonham com o parto na água, outras não querem sentir dor de jeito nenhum.
E tudo bem sentir medo, curiosidade ou até confusão. A verdade é que existem vários tipos de parto. E nenhum é melhor que o outro por si só. O melhor parto é aquele que respeita a saúde da mãe, do bebê, a realidade da família e os desejos da mulher.
Vamos conhecer juntos os 7 tipos de parto mais comuns? Vou te explicar de forma simples, como numa boa conversa entre amigos.
1. Parto Normal (ou Parto Vaginal Espontâneo)
É o mais conhecido. O bebê nasce pela vagina, de forma natural, sem necessidade de cirurgia.
Como acontece?
O corpo da mulher começa a trabalhar: as contrações vêm, o colo do útero vai dilatando, e o bebê vai descendo até nascer.
Tem as seguintes vantagens: a recuperação é mais rápida, há menor risco de infecções, o bebê já nasce ativando os pulmões desde o nascimento, e há maior chance de começar a amamentar mais cedo.
Precisa de hospital?
Pode ser feito em hospital, casa de parto ou até em casa, desde que tudo esteja planejado com uma equipe que saiba o que está fazendo.
É dolorido?
Pode ser. Mas existem formas de aliviar, como banho quente, bolsa térmica, massagens, respiração guiada e, se for o caso, analgesia.
2. Parto Vaginal com Intervenções
É o parto que começa de forma natural, mas recebe alguma ajuda da equipe médica.
Como assim?
Ocorre quando se opta por realizar a indução (quando o parto é estimulado com medicamentos), a ruptura da bolsa feita pela equipe, o uso de fórceps ou vácuo para ajudar o bebê a sair.
Quando é indicado?
Em situações em que o parto está levando muito tempo para acontecer, quando há sinais ou risco de sofrimento para o bebê, ou quando ele está quase nascendo, mas precisa de ajuda no final.
É seguro?
Sim, desde que feito com responsabilidade, por profissionais capacitados.
3. Cesárea (ou Parto Cirúrgico)
É quando o bebê nasce por uma cirurgia feita no abdome da mãe.
Quando é realmente indicada?
Formalmente é indicada quando o bebê está sentado (ou seja, em posição pélvica), quando há placenta prévia, pré-eclâmpsia, sangramentos, quando já houve várias cesáreas anteriores e quando há risco para a saúde do bebê ou da mãe.
Tem a vantagem de, em situações de risco, salvar vidas.
Mas por outro lado, tem as seguintes desvantagens: a recuperação é mais lenta, existe maior risco de infecção e complicações futuras se houver várias cesáreas, e o bebê pode ter mais dificuldade respiratória nos primeiros dias.
Mas atenção: a cesárea é maravilhosa quando necessária, mas não deve ser feita por comodidade. Ela é uma cirurgia de verdade, com tempo maior de recuperação e riscos que precisam ser considerados.
4. Parto Humanizado
Mais do que um tipo, é uma forma de cuidar.
Como funciona?
O parto humanizado pode ser normal ou até cesárea. O que importa é a forma como a mulher é tratada: ela tem voz ativa, é ouvida, respeitada e acolhida, pode se movimentar, comer, escolher quem vai acompanhá-la, usa técnicas para aliviar a dor de forma natural, usar bola, banho quente, música, silêncio… o que for melhor para ela. Ou seja, ela decide, junto da equipe, como quer viver aquele momento.
No parto humanizado, o foco está no bem-estar da mãe e do bebê, sem pressa, sem violência, sem imposições e mais empatia.
5. Parto na Água
Aqui, o bebê nasce dentro de uma banheira com água morna. A água ajuda a aliviar a dor, relaxa a musculatura e dá conforto.
Os benefícios do parto na água são os seguintes: pode diminuir a dor, ajuda na dilatação e traz tranquilidade à mulher.
É seguro?
Quando feito com acompanhamento profissional e em local adequado, sim. Mas precisa ter estrutura e preparo, então não é pra fazer em casa sem orientação.
Mas atenção: não é indicado em todos os casos, como em gestações de risco ou partos prematuros.
6. Parto Domiciliar Planejado
É a situação em que a gestante escolhe ter o bebê em casa, no próprio quarto, rodeada de quem ama. É possível, mas só se for uma gestação de baixo risco e com uma equipe bem treinada. Pode ser uma boa opção para a mulher que deseja mais privacidade e tranquilidade.
Mas atenção, é necessário ter fácil acesso a um hospital, caso precise de transferência.
Não é indicado se houver gestação de risco, histórico de complicações ou falta de suporte adequado por perto.
Lembre-se: parto em casa não é “parto sozinho”. É uma escolha que precisa de segurança, experiência e preparo.
7. Parto Lotus
Esse é mais raro e simbólico. Após o nascimento, o cordão umbilical não é cortado imediatamente. Ele continua ligado à placenta até cair naturalmente (pode levar alguns dias).
O objetivo deste tipo de parto é criar um processo de transição mais lento e respeitoso entre o útero e o mundo.
Mas atenção: essa prática não é recomendada oficialmente pela SBP ou pela OMS, pois a placenta, após o nascimento, pode se tornar foco de bactérias e causar infecções. O que muitos médicos indicam é o clampeamento tardio do cordão (esperar 1 a 3 minutos antes de cortar), que traz benefícios comprovados, como mais ferro e menos risco de anemia no bebê.
E então… qual parto é o certo para você?
A resposta é: o parto que respeita a sua saúde, o seu bebê e a sua história. Cada gestação é única. Por isso, o ideal é conversar com seu obstetra, tirar dúvidas, entender seus direitos e conhecer suas possibilidades.
Não se compare. Não se cobre demais. O nascimento é uma experiência profunda, e ela merece ser vivida com carinho, presença e apoio.
O Manual das Crianças está aqui pra te lembrar: você não está sozinha. Com informação de qualidade, acolhimento e escuta, tudo fica mais leve. E cada escolha pode ser feita com segurança e amor.
Um grande abraço do Zé
Fontes:
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: relatório técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf. Acesso em: 10 maio 2024.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Recomendações da OMS para cuidados durante o parto para uma experiência de parto positiva. Genebra: OMS, 2018. Disponível em: https://www.who.int/reproductivehealth/publications/intrapartum-care-guidelines/en/ Acesso em: 11 maio 2024.
REDE CEGONHA – Ministério da Saúde. Caderno de Boas Práticas para o Parto e Nascimento. Brasília: MS, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_boas_praticas_parto_nascimento.pdf
Acesso em: 10 maio 2024.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Clampeamento tardio do cordão umbilical: recomendações da SBP. SBP, Departamento Científico de Neonatologia. 2022. Disponível em: https://www.sbp.com.br Acesso em: 13 maio 2024.
COLÉGIO BRASILEIRO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Protocolos e Diretrizes em Obstetrícia. São Paulo: FEBRASGO, 2021. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br.Acesso em: 13 maio 2024.